30.9.06

Exemplo de vida?

Era um simples mendigo. Vestia as roupas rasgadas e tinha uma tábua que tratava como seu violão. Valsava com ela com um sorriso tão sincero que invejei.

Entre ter tudo e ter nada, ele era o homem dançando debaixo da chuva com um pedaço de madeira e eu era a garota dentro do carro ouvindo seu mp3. Ele sorria. Eu não.

Invejei sim. Pensei se era esse tipo de coisa que me faria feliz ou se sou uma dessas infelizes às quais o pouco não satisfaz. Não cheguei a uma conclusão... Coisas subjetivas da vida.

Só sei que quero chegar ao fim da vida sorrindo daquele jeito....

1.9.06

Os bons tempos

- Mãe, posso ir no banheiro?
- Mas claro que pode, meu filho, vai!

*10 minutos depois, do banheiro*

- MÃÃÃÃE! TERMINEI!

[...]

22.7.06

Transformei realidades em sonhos.

Mas a minha sentença de morte foi acreditar neles.

Ingenuidade querida, ingenuidade que faz brotar esperança num mundo feito todo de pedra. E alguns passos nos levam por caminhos errados. Caímos de um abismo, machuca.

Quando pára de doer você esquece o que causou a dor. Sobe de novo, usa asinhas, chega a um abismo mais alto. Eventualmente cai de novo, machuca de novo. Círculo vicioso.

A insistência de acreditar em finais felizes. Crença, muitas vezes inútil, que nos empurra. Força que não se mede, força que não se acaba (e se acaba é porque é hora de não mais viver).

O que é certo, o que é errado? A ignorância não dói, mas nos guia até os abismos.
Mas... o esclarecimento é um tortura eterna que não quer estar certa, mas muitas vezes está. Mundo feio.

E o que nos mantém vivos? O quê...?

25.6.06

O véio que tosse

O véio que tosse era um homem de vivência já bem antiga.
Seu auge era lembrado como uma fotografia em sépia que já se apagava pelo desgaste. E naquela época, definitivamente não tossia.

O véio que tosse, entre seus "cof cof", tinha histórias de heroísmo para contar.
Lembranças muito apertadas em seu coração, fragmentos de uma vida tão grandiosa, espremidas em lágrimas de saudade. Infelizmente, ninguém para lhe ouvir.

O véio que tosse era sozinho.
Escolhera caminhos na vida e por isso perdera seu grande amor. Não quis outra, nunca, nunca, lembrava da sua flor com carinho. Pensava nos filhos e netos que teria.

O véio que tosse tossia.
E nenhuma alma sensível era capaz de ver nele algo além de suas tosses roucas e asmáticas. Ninguém queria o véio que tosse. Ninguém se abria para o amar.

O véio que tosse morreu.
Jogado como indigente, com suas histórias, suas lembranças, suas lágrimas... Esquecido. Mais um que se ia, mais um apenas. Qualquer um...

4.6.06

Lóvi

Quando corri para os seus braços, choraminguei pequenas fantasias: que eu fosse bonita e estivesse usando um vestido branco esvoaçante, que ele fosse um príncipe encantado romântico, que estivessemos cercados de um lindo campo florido isolado do resto do mundo e que o momento durasse para sempre...

Pois garotas românticas sonham.
E desejam, mais que tudo, aquele momento perfeito...

6.5.06

Amor Contemporâneo

Menina está parada em ponto de ônibus. Chega menino e pára ao seu lado.
Ele: - Te amo!
Ela: - Oh, que romântico!!
Ele:
- Vamos nos casar, meu amor, ter filhos, fazer amor três vezes por dia e passar nossos dias assistindo filmes de Quentin Tarantino!
Ela: - Mas não gosto de Tarantino.
Ele: - Ah... Deixa pra lá.
Ela: - Foi bom enquanto durou.
Menino vai embora. Menina continua esperando seu ônibus.