8.6.07

Festa de Família

Procure a menina que se esconde. Sua roupas têm cores neutras, não são feias, e escondem as neuras que tem de seu corpo. Seu rosto é calmo, inexpressivo, apesar de seus olhos serem um mar de densos pensamentos indecifráveis. Não há em seu aspecto físico nada que lhe chame atenção e seus gestos, passos e ações não poderiam ser mais discretos.

É ela, a filha de um fulano. Seu nome não é importante, não se sabe se seu nome é um ou se é o nome de sua irmã. Todos se confundem, ninguém é culpado, e elas são parecidas... não são? Não importa.

Ela se esconde, não quer falar com ninguém e se alguém tentar, não passará de um papo de minutos. Verdade que se você notar nela por algum motivo inexplicável e sorrir, ela sorrirá de volta. Não é mal educada, está longe disso. Se você perguntar para qualquer um, vão dizer que gostam dela. Claro que no início vai haver dificuldade em especificar de quem estão falando, mas, passado isso, com certeza dirão que gostam dela.

A festa acaba e ela vai como chegou. Resurge quando se despede de todos, como manda a etiqueta, e logo depois volta à sua invisibilidade. Se você observar com cuidado, há alívio em sua expressão ao partir, mas ninguém nota. Sua inexistência já virou costume na cabeça de todos.

Enfim, sua presença fantasmagórica não deixa vazio para trás. Desse grupo de pessoas que se chama família, quem diria algo sobre ela? Se achassem seu nome familiar seria muito. Seu rosto dificilmente lembrado aparece nas fotos como o alguém que faz parte... Questão de sobrenome e genes, mais nada. E é isso que a condiciona passar tardes e noites em companhia de completos desconhecidos.

1.6.07

Pretensão

Tem gente que se contentaria com dinheiro e tudo o que ele pode comprar. Teria bens, freqüentaria todos os lugares, teria milhões de empregados e tudo seu seria do bom e do melhor. Sua fortuna seria a base de sua vida e todas as decisões seriam direcionadas por ele, e unicamente ele.

Tem outros que preferem amar. Achar sua cara metade e ter com quem planejar o resto de sua vida. Namorar, noivar, casar, ter filhos e envelhecer. A família seria seu valioso legado. E terminar sozinho está absolutamente fora de cogitação.

Um terceiro grupo almeja o sucesso. Subir na vida profissional, se tornar conhecido na área e ganhar os devidos prêmios por isso. Se especializaria ao máximo no que quer que escolhesse e sim, seria o melhor. Tudo que precisar ser sacrificado, será sacrificado. É a regra para quem quer vencer.

Já eu, sou pretenciosa. Quero mais que dinheiro, amor ou sucesso.... Quero tudo e quero nada.... Quero a maior incerteza da vida, aquilo que todo mundo acha que quer, o objetivo que a gente esquece ao longo da vida: a simples e pura felicidade.




Será que consigo...?