11.10.08

Eu queria compôr uma canção mais ou menos assim:

Que começasse com a beleza de um dia cinza. Falasse dos contrastes de suas cores mal-iluminadas e como a luz menos óbvia nos permite ver, de fato, as coisas.


Depois passaria para o milagre de ver água cair do céu. Ao poucos, a penugem quase invisível cobrindo a tudo como um inocente acontecimento casual. Falaria também da brisa, que muitas vezes vem junto, para fazer dançar os fios soltos dos cabelos alheios. O começo de uma sinfonia que não se explica.


Seu refrão destacaria o ponto alto: alguns guarda-chuvas se abrindo lindamente para caminhar no asfalto espelhado. Úmidos assim, os prédios, as árvores, os postes... ficariam pintados com um tom mais vívido do que suas cores habituais. A brisa se transforma em vento, a penugem em gotas sóbrias e a sinfonia finalmente tem um som.


Em seu final, as nuvens se tornariam mais brancas e menos densas. As gotas sumiriam e regressaria à casualidade do começo. Os guarda-chuvas fechariam. O vento seria brisa novamente. E o rastro molhado ficaria para quem quisesse sentir a essência acolhedora de seu milagre.


Mas, é uma pena, pois não tenho a arte dos compositores...

24.3.08

Oh, desculpe, mas tenho que dizer...

Escrevo porque a palavra me sufoca nas cordas vocais. O exagero está na minha comunicação torta e sem ele eu não seria nada. Escrevo porque nem sinto mais. E sinto na escrita dos demais. Escrevo pela saudade de escrever. Saudade de me entregar... a um mundo de dívidas imaginárias com uma realidade que só conheço através dos meus óculos lilás.

Escrevo com medo de não conseguir mais escrever. Escrevo por querer entender. Escrevo para gastar neurônios, que um dia só serviram para me ajudar a escrever.

E escrevo, escrevo, escrevo..

7.3.08

Seja

Coloque seus planetas em suas respectivas órbitas. Não diga aquilo que você nunca diria, não concorde com aquilo que você nunca concordaria. E aceite seu nariz grande.

É difícil, eu sei (e sei mesmo). Desde muito cedo aprendemos a esconder as estranhezas e moldar a máscara de titânio que nos dá o ingresso da aceitação. E tem as pessoas sortudas que nem precisam de muita máscara para sobreviver, elas simplesmente são... "normais".

Mas você, ser não-normal, não se preocupe. O mundo pode dar milhões de lições e regras de como ser e até fazer você pagar castigos psicológicos na sociedade. Mas saiba que ele não está certo. E nem errado.

O que temos de fazer é nos sentir bem. Seja aquilo que você verdadeiramente sente que é. Como tudo tem limites, coloco-lhes aquele que coloco para mim mesma: faça tudo o que bem entender e quiser, mas nunca ultrapasse os limites do próximo. Se você é um pedófilo, compre bonecas e roupas infantis (e vá procurar tratamento urgente), mas não machuque outra pessoa.

Eu sei que, escrito assim, o post parece um curto capítulo de livro de auto-ajuda. Só escrevo porque, se houver UM nego que passe por aqui e saia de um buraco negro igual ao que me engolia fazia pouco tempo, eu fico satisfeita. Porque se sentir mal consigo mesmo e com tudo à sua volta constantemente é a pior coisa que pode acontecer com alguém...

Ser você mesmo pode ser muito ruim, mas não ser você é pior ainda.

28.1.08

Vai saber...

Ninguém ainda me ensinou a sempre estar acompanhada. E muito menos sei sempre estar sozinha.



Eu só sei que... ninguém é ilha isolada. Mas também ninguém tem todos os mistérios de seu mundo interno estampados em um outdoor.

Ou alguém ainda nega essa contradição?




Textos como esse são como pequenas aberrações. Não sei de onde vieram, como vieram, quando vieram... Só sei que saiu, assim, com essas palavras. E eu não sei explicar.