25.6.06

O véio que tosse

O véio que tosse era um homem de vivência já bem antiga.
Seu auge era lembrado como uma fotografia em sépia que já se apagava pelo desgaste. E naquela época, definitivamente não tossia.

O véio que tosse, entre seus "cof cof", tinha histórias de heroísmo para contar.
Lembranças muito apertadas em seu coração, fragmentos de uma vida tão grandiosa, espremidas em lágrimas de saudade. Infelizmente, ninguém para lhe ouvir.

O véio que tosse era sozinho.
Escolhera caminhos na vida e por isso perdera seu grande amor. Não quis outra, nunca, nunca, lembrava da sua flor com carinho. Pensava nos filhos e netos que teria.

O véio que tosse tossia.
E nenhuma alma sensível era capaz de ver nele algo além de suas tosses roucas e asmáticas. Ninguém queria o véio que tosse. Ninguém se abria para o amar.

O véio que tosse morreu.
Jogado como indigente, com suas histórias, suas lembranças, suas lágrimas... Esquecido. Mais um que se ia, mais um apenas. Qualquer um...

4.6.06

Lóvi

Quando corri para os seus braços, choraminguei pequenas fantasias: que eu fosse bonita e estivesse usando um vestido branco esvoaçante, que ele fosse um príncipe encantado romântico, que estivessemos cercados de um lindo campo florido isolado do resto do mundo e que o momento durasse para sempre...

Pois garotas românticas sonham.
E desejam, mais que tudo, aquele momento perfeito...